Sabedoria de Aruanda
Aos que desejam adquirir conhecimentos dentro de nossa umbanda
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Iniciação na umbanda e candomblé
RITUAL DE PASSAGEM, INICIAÇÃO NA UMBANDA E CANDOMBLÉ
1 - A feitura da cabeça no Candomblé
Ser iniciado no candomblé é mais conhecido como "fazer a cabeça", ou seja, ser preparado para que o Inkice/Orixá passe a habitar no Ori/mutuê (cabeça) do novo adepto.
O ritual começa muito antes do recolhimento, pois o aspirante a iniciação passa por uma fase conhecida como abiã onde ele prepara o seu enxoval para a feitura, que consiste em roupas e demais materiais ritual. Prepara também o aqué/zimbo (dinheiro) para o pagamento do "chão", ou seja, o trabalho que este ritual implica e a transmissão do axé .
O noviço passa por vários rituais de limpeza, pelo ritual do bolanã (representa a morte para omundo profano e o renascimento para o mundo sagrado dos Orixás) e depois pelo recolhimento para o roncó (Quarto Ritual, com acesso somente aos iniciados), onde passará de 07 a 21 dias de iniciação.
Após os 21 dias acontece a festa do Oruncó (a cerimônia do nome, quando a Divindade se identifica na presença de todos) da(o) Iaô/Muzenza (recém iniciado) quando a mesma é apresentada à comunidade de santo como o mais novo membro. É um momento de festa onde todos usam as melhores roupas, recebem os membros ilustres de outros terreiros e demais visitantes. É um ritual público de grande emoção.
Depois da festa, no dia seguinte, tem a festa da quitanda de erê/vungi(criança). Nela o iniciado sai para o barracão em estado de consciência infantil. Brinca, come, recebe presentes e tem a quebra das quizilas, ou seja, momento que o iniciado passa por ritual que consiste em uma reiniciação ao mundo profano e reaprende a fazer as atividades diárias e rotineiras. Esta passagem é importante para que não haja choque entre este e o seu orixá/inkice, uma vez que o iniciado, daqui por diante passa a viver plenamente em contato com a divindade e, todas as suas ações podem ter reflexos no dia-a-dia.
O iniciado então, entra em um período de preceito. São três meses que ele usa os colares e símbolos do seu santo/orixá/inkice, veste-se completamente de branco, mantém a cabeça coberta e não lhe é permitido a prática sexual e muitos outros preceitos lhe são impostos. Essa fase é uma das mais importantes, pois agora o iniciado tem a responsabilidade de guardar os seus preceitos e as responsabilidades para com a casa de santo.
A "feitura da cabeça" é considerado um ritual de passagem de grande importância, pois a partir deste o iniciado passará por muitos outros durante a sua vida de culto, em que galgará direitos e posições dentro do culto. Porém, esse período, que consiste a feitura e a guarda dos preceitos, é o principal e que todo iniciado guarda na memória por toda a vida aqui no aiyè. Será objeto de histórias que serão contadas aos seus filhos, netos, aos seus futuros irmãos de santo e quem sabe, filhos de santo.
Cada pessoa é filho de um determinado orixá/inkice, ou seja, aquela energia é a linha magnética da sua vida e a feitura vai proporcionar o equilíbrio do ser humano com a sua energia mais pura e mais espiritualizada. É o que se chama de santo de cabeça. Geralmente cada pessoa possui um pai, em primeiro lugar e uma mãe em segundo ou vice-versa, ou seja, um santo de princípio masculino e outro de princípio feminino, podendo haver exceções de dois princípios iguais. A cabeça do filho também é composta por um séquito de orixás, que compões toda a sua história e é revelado através do Oráculo mais conhecido no Brasil, que é o jogo de búzios, por onde os orixás/inkices falam e dão os seus recados aos habitantes da Terra.
No candomblé todos têm o seu santo de cabeça, ou seja a sua energia primordial, porém, nem todos são obrigados a passar pela iniciação. Não há como se fugir dessa energia, uma vez que ela é o princípio vital de todo ser vivo.
2 – A Camarinha de Umbanda.
A Camarinhas na Umbanda são Rituais Iniciáticos que têm como fundamento prático, o Desenvolvimento Mediunico, Religioso, Doutrinário e Ritualístico, para que o neófito, possa adquirir conhecimento e prática de todos os fundamentos praticados na Umbanda.
No seguimento da Tradição Afro, a Umbanda consagra também ritualísticamente os neófitos, com Camarinhas de Obori ou Borização, que é o Assentamento Maior das Entidades no Médium, para que os mesmo se possam fortificar e evoluir Ritualísticamente. Além de outros Rituais necessários ao Desenvolvimento Mediunico , Ritualistico e Doutrinário dos neófitos.
São Camarinhas que têm uma duração de 3 ou 7 dias, isso de acordo com o Dirigente Espiritual ou de acordo com os rituais necessários
Roupas no Candomblé
As Roupas no Candomblé
Preocupados com a perpetuação sobre o vestuário dos praticantes do Candomblé, bem como dos nossos Òrìsàs, Percebemos que o complexo código de ética relacionado às vestes dos praticantes do Candomblé, está sendo diariamente infringido, expondo a nossa religiosidade de forma profana em meio à sociedade. Dessa forma, esse artigo tem por objetivo, dirimir dúvidas de pessoas que não tiveram o acesso à informação e, também expor a opinião do Asè Òsùmàrè sobre esse importante aspecto da nossa religiosidade. Desatentos às hierarquias das indumentárias e vestimentas do Candomblé, muitos participantes (talvez pela falta de conhecimento) estão desrespeitando, não somente os seus mais velhos, mas também as nossas Divindades. Isso ocorre, principalmente, com a chamada “carnavalização” dos tradicionais paramentos dos Òrìsàs. A situação vem se agravando, ao ponto de recriarem os trajes, implantando assim, uma nova maneira de vestir os Òrìsàs e seus filhos, ignorando a tradições centenárias, originarias de uma Religião milenar e, desrespeitando, de forma muito preocupante, a essência de cada Òrìsà. Com o cuidado de não ditar ou impor um código vestuário, apontaremos abaixo, apenas algumas violações (as mais recorrentes) que comprometem as tradições do Candomblé, descaracterizando de forma muito triste a nossa religião, bem como, algumas recomendações da nossa Casa. ÌYÁWÓ MOKAN: Uso indispensável IKAN: Uso Indispensável DILOGUN: Uso Indispensável: “LAÇINHO” e “GRAVATINHA” ACIMA DO PANO DE COSTAS: Uso Indispensável ROUPA DE SIRE: Até completar um ano de iniciada, deve-se dançar Sire de branco; ÌYÁWÓ DO SEXO MASCULINO CALÇA DE RAÇÃO (NÃO É TOLERAVEL JEANS, BERMUDA, ETC.) CAMISA DE RAÇÃO (NÃO É TOLERAVEL CAMISA DE CRIOULA – USO EXCLUSIVO PARA MULHERES, Também não se usa camiseta); ÉKÉTÉ: – NÃO É TOLERAVEL O USO PANO DE CABEÇA – À exceção do recebimento de Asè, em Oro); OGÁ (OGAN): CALÇA DE RAÇÃO (NÃO É TOLERAVEL JEANS, BERMUDA, ETC.) CAMISA DE RAÇÃO (NÃO É TOLERAVEL CAMISA DE CRIOULA – USO EXCLUSIVO PARA MULHERES, também não se usa camiseta); ÉKÉTÉ, CHAPÉU OU BOINA (NÃO É TOLERAVEL O USO PANO DE CABEÇA – À exceção do recebimento de Asè, em Oro); EKEJI (EKEDE): SAIA: Ekeji não usa saia com anáguas de baiana; TOALHINHA: A cada dia é mais raro vermos uma Ekeji com uma toalhinha para “enxugar” o Òrìsà. ADES, COROAS E PARAMENTAS DE ÒRÌSÀS: DISCERNIMENTO E COERÊNCIA: Deve-se ter coerência ao vestir os Òrìsàs (Nossos deuses são elementos da natureza, que utilizam representações da natureza, POR ISSO NÃO DEVEM SER CARNAVALIZADOS); MÁSCARAS: É inadmissível a utilização de máscaras na confecção da Roupa dos Òrìsàs; ALTURA DOS ADES: Deve se ter discernimento, coroas são coroas e não paramentos carnavalescos gigantescos; ÒSÀLÁ: ÒSÀLÁ SÓ USA BRANCO. Esse é um Òrìsà Fúnfún, não admite prata ou “azul clarinho” PENAS.: Nossa religião é tribal, mas não indígena, a utilização de penas na confecção das roupas dos Òrìsàs deve ser ponderada e não excessiva; SÀNGÓ: Não tolera roupas roxa ou preta; ÀSÈSÈ: HOMENS: Calça, Camisa de Ração (brancos) e Ékété; MULHERES: Saia de ração e camisa de crioula (brancas); PROÍBIDO: Brilho, Bordados, Vazados e Roupas Coloridas; BATA: QUEM PODE USAR: A utilização da bata é restrita as autoridades femininas da Casa (autoridade máxima, Ìyálásè, Ìyákekère, Ìyámaye, etc. – Se todas as Ègbón usarem batas, será impossível distinguir as autoridades); CUMPRIMENTO: Bata é Bata e não vestido! Um ditado tradicional nos Candomblés da Bahia diz: Quanto Maior a Bata, Maior a Ignorância da Ègbón; PANO DE CABEÇAS: QUEM PODE USAR: A utilização do Pano de Cabeça é restrita às mulheres (o Babalòrìsà “em sua casa” tem a autonomia de optar ou não pelo uso. O pano de cabeça, poderá ainda ser utilizado por homens, em obrigações internas em que o mesmo está “recebendo asè, como por exemplo Bori”); ABAS: As abas do Pano de Cabeça, estão relacionadas ao Òrìsà da filha de Santo e a sua idade de santo (se seu Òrìsà for Oboro – masculino, você não poderá usar duas abas, sendo que essa ficou para as filhas de santo, que possuem Òrìsàs Ayabas – femininos); ALTURA DO PANO: Deve-se ter discernimento ao usar o Pano de Cabeças. O pano de Cabeças não é turbante com diversas voltas e de altura desmedida; Seu pano de cabeça também não pode ser maior do que o da sua Ìyálòrìsà; PANO DE COSTAS: QUEM PODE USAR: A utilização do Pano de Costas é restrito às mulheres. UTILIZAÇÃO: O pano da costa deve ser colocado na altura dos seios (somente as autoridades quando estão trajadas de Bata, podem usar o pano na cintura); USO TRASVERSAL DO PANO POR HOMENS: Indevido, à exceção das festividades do Pilão e durante o Pilão de Òsògíyàn; FIOS DE CONTA.: AFRICANOS/CORAIS/PEDRAS: de uso exclusivo para autoridades do Candomblé e as pessoas com obrigação de sete anos (obrigações arriadas); BOLAS DE PLÁSTICO: Não pertencem ao Candomblé; SAIAS: QUEM USA: Uso restrito à mulheres (homem não usa saias, mesmo se seu Òrìsà seja ayaba); CUMPRIMENTO: A saia deve ser longa, cobrindo o calçolão (o uso de saieta é cabível somente para Òrìsàs masculinos – em mulheres); ROUPAS BRILHOSAS E BORDADOS: ROUPAS BRILHOSAS: A utilização de roupas com muito brilho está condicionada ao Òrìsà e à determinados Òrìsàs (existem roupas para dançar o Sìré e roupas para vestir os Òrìsàs, sendo que alguns também não toleram o brilho); BORDADOS: As roupas bordadas como Rechilieu, Asa de Mosca, Roda de Quiabo e panos mais elaborados, são de uso exclusivo para autoridades e pessoas com obrigação de sete anos arriada; BRINCOS E PULSERIAS: Ìyáwò de Òrìsà Oboro (Santo Masculino), não deve usar brincos e/ou pulseiras. A Casa de Òsùmàrè, pede que as pessoas reflitam sobre a essência de nossa ancestralidade, os Òrìsàs. Uma Ìyáwò aguardar a conclusão de suas obrigações, para a utilização de determinadas vestes, não a coloca inferior à ninguém, muito pelo contrário, mostra somente sua resignação por um determinado período, em obediência às regras do Candomblé pelo seu Òrìsà. O cumprimento desses interditos, confere ainda mais valor à obrigação de sete anos, em que a então ìyáwò, poderá utilizar-se de outras indumentárias, estando desta forma, em outra fase de sua missão religiosa (torando-se uma ègbón). No Candomblé, todos os passos são galgados, assim como na vida, afinal, a criança não nasce andando, existe um processo de aprendizagem. Uma mãe preservadora resguarda sua filha das maquiagens até a idade certa, etc. Assim é o Candomblé. Um Ogá não pode se sentir desprezado por não vestir-se como um Babalòrìsà, ele sim, deve se sentir orgulhoso em pode estar preservando a cultura dos antigos Ogá. Um Oga vestido com Ogá, é facilmente identificado em meio a multidão. O mesmo se aplica aos Babalòrìsàs, que não podem almejar as vestes femininas, pois nesse caso, ao invés de mostrar poder e distinção, evidência sua falta de conhecimento sobre a liturgia de cada elemento utilizado. A Casa de Òsùmàrè, não tem a intenção de ditar regras, mas sim, expor seus costumes, aprendidos ao longo de gerações, divulgado e esclarecendo muitas pessoas que jamais foram orientadas sobre como se vestir no Candomblé e por isso, cometem tantos erros.
domingo, 1 de maio de 2011
SAGRADO ORIXÁ OXALÁ
Oxalá é o Orixá associado à criação do mundo e da espécie humana. Apresenta-se de duas maneiras: moço (chamado Oxaguian, identificado no jogo do merindilogun pelo odu ejionile) e velho (chamado Oxalufan e identificado pelo odu ofun). No candomblé, este é representado material e imaterialmente pelo assentamento sagrado denominado igba oxala.
Os símbolos do primeiro são uma idá (espada), "mão de pilão" e um escudo; o símbolo do segundo é uma espécie de cajado em metal, chamado opaxorô.
A cor de Oxaguiam é o branco levemente mesclado com azul; a de Oxalufam é somente branco. O dia consagrado para ambos é a sexta-feira.
Sua saudação é ÈPA BÀBÁ! Oxalá é considerado e cultuado como o maior e mais respeitado de todos os Orixás do panteão africano. Simboliza a paz, é o pai maior nas nações das religiões de tradição africana. É calmo, sereno, pacificador; é o criador e, portanto, é respeitado por todos os Orixás e todas as nações. A Oxalá pertencem os olhos que vêem tudo.
Arquétipo
As pessoas de Oxalá são calmas, responsáveis, reservadas e de muita confiança. Seus ideais são levados até o fim, mesmo que todas as pessoas sejam contrárias a suas opiniões e projetos. Gostam de dominar e liderar as pessoas. São muito dedicados, caprichosos, mantendo tudo sempre bonito, limpo, com beleza e carinho. Respeitam a todos mas exigem ser respeitados. Perdoam facilmente, sabem ver que sentimentos negativos só atrasam. Sabem conquistar com seu jeitinho elegante e sincero. São calmos e dóceis, andam com a postura reta, que representa sua natural elegância. Tem gostos caros e apreciam um bom vinho.
Lenda: Oxalá e o saco da criação
Olodumaré entregou a Oxalá o saco da criação para que ele criasse o mundo. Essa missão, porém, não lhe dava o direito de deixar de cumprir algumas obrigações para outros Orixás e Exu, aos quais ele deveria fazer alguns sacrifícios e oferendas.
Oxalá pôs-se a caminho apoiado em um grande cajado, o Paxorô. No momento em que deveria ultrapassar a porta do Orun, encontrou-se com Exu que, descontente porque Oxalá se negara a fazer suas oferendas, resolveu vingar-se, e provocou-lhe uma sede intensa. Oxalá não teve outro recurso senão o de furar a casca de um tronco de um dendezeiro para saciar sua sede.
Era o vinho de palma também conhecido como ("emu" e "oguro") o qual Oxalá bebeu intensamente. Bêbado, não sabia onde estava e caiu adormecido. Apareceu então Olófin Odùduà, que vendo o grande Orixá adormecido roubou-lhe o saco da criação e, em seguida, foi à procura de Olodumaré para mostrar o que achara e contar em que estado Oxalá se encontrava.
Olodumaré disse então que “se ele está neste estado vá você a Odùduà, vá você criar o mundo”. Odùduà foi então em busca da criação e encontrou um universo de água, e aí deixou cair do saco o que estava dentro. Era terra. Formou-se então um montinho que ultrapassou a superfície das águas.
Então ele colocou a galinha cujos pés tinham cinco garras. Ela começou a arranhar e a espalhar a terra sobre a superfície da água; onde ciscava, cobria a água, e a terra foi alargando cada vez mais, o que em yoruba se diz Ile`nfê, expressão que deu origem ao nome da cidade Ilê-Ifê.
Odùduà ali se estabeleceu, seguido pelos outros Orixás, e tornou-se, assim, rei da terra.
Quando Oxalá acordou, não encontrou mais o saco da criação. Despeitado, procurou Olodumaré, que por sua vez proibiu-o, como castigo a Oxalá e toda sua família, de beber vinho de palma e de usar azeite de dendê. Mas como consolo lhe deu a tarefa de modelar no barro o corpo dos seres humanos nos quais ele, Olodumaré insuflaria a vida.
Lenda: A viagem de Oxalufan
Um dia Oxalufam, que vivia com seu filho Oxaguiam, velho e curvado por sua idade avançada, resolveu viajar a Oyo em visita a Xangô, seu outro filho. Foi consultar um babalaô para saber acerca da viagem. O adivinho recomendou-lhe não seguir viagem. Ela seria desastrosa e acabaria mal.
Mesmo assim, Oxalufam, por teimosia, resolveu não renunciar à sua decisão. O adivinho aconselhou-o, então, a levar consigo três panos brancos, limo-da-costa ou sabão-da-costa, assim como a aceitar e fazer tudo que lhe pedissem no caminho e não reclamar de nada, acontecesse o que acontecesse. Seria uma forma de não perder a vida.
Em sua caminhada, Oxalufam encontrou Exú três vezes. Três vezes Exú solicitou ajuda ao velho rei para carregar seu fardo, que acabava derrubando em cima de Oxalufam. Três vezes Oxalufam ajudou Exú, carregando seus fardos imundos. E, por três vezes, Exú fez Oxalufam sujar-se de sal, azeite de dendê e carvão. Três vezes suportou calado as armadilhas de Exú. Três vezes foi Oxalufam ao rio mais próximo lavar-se e trocar suas vestes. Finalmente chegou a Oyó. Na entrada da cidade viu um cavalo perdido, que ele reconheceu como o cavalo que havia presenteado a Xangô.
Tentou amansar o animal para amarrá-lo e devolvê-lo ao filho. Mas, neste momento, chegaram alguns súditos do rei à procura do animal perdido. Viram Oxalufam com o cavalo e pensaram tratar-se do ladrão do animal. Maltrataram-no e prenderam-no. Ele, sempre calado, deixou-se levar prisioneiro.
Mas, por estar um inocente no cárcere, em terras do Senhor da Justiça, Oyó viveu por longos sete anos a mais profunda seca. As mulheres tornaram-se estéreis e muitas doenças assolaram o reino. Xangô, desesperado, procurou um babalaô, que consultou Ifá, descobrindo que um velho sofria injustamente como prisioneiro, pagando por um crime que não cometera.
Xangô correu para a prisão. Para seu espanto, o velho prisioneiro era seu pai Oxalufam. Xangô ordenou que trouxessem água do rio para lavar o rei. O rei de Oyó mandou seus súditos vestirem-se de branco, e que todos permanecessem em silêncio, pois era preciso, respeitosamente, pedir perdão a Oxalufam. Xangô vestiu-se também de branco e encarregou Airá de carregar o velho rei nas costas. Levou-o para as festas em sua homenagem e todo o povo saudava Oxalá e Xangô. Depois Oxalufam voltou para casa levado por Airá e, quando chegou seu filho, Oxaguiam ofereceu um grande banquete em celebração pelo retorno do pai.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Preto Velho
Quando se fala em preto-velho, estamos falando de uma grande linha, ou seja, uma grande faixa vibratória onde espíritos afins se "encaixam" para cumprirem sua missão. Esses espíritos foram ex-escravos e negros africanos que não chegaram a ser escravos. Constam também dessa linha espíritos que não foram escravos nem negros africanos, mais que por afinidade escolheram a Umbanda para cumprirem sua missão.
O termo "Velho", "Vovô" e "Vovó" é para sinalizar sua experiência, pois quando pensamos em alguém mais velho, como um vovô ou uma vovó subentendemos que essa pessoa já tenha vivido muito mais tempo. Adquirindo assim mais coisas para contar e passar, principalmente essa mesma pessoa já viveu o suficiente para ter aprendido a ter paciência, compreensão, menos ansiedade para a vida. É baseado nesses fatores que as pessoas mais velhas aconselham.
No mundo espiritual é bastante semelhante. A grande característica dessa linha é o conselho. É devido a esse fator que carinhosamente dissemos que são os "Psicólogos da Umbanda". Suas vestimentas e apetrechos são bem simples, não necessitam de muitos artifícios para trabalhar, necessitam apenas contar com a atenção e a concentração do seu médium durante a consulta. Usam cachimbo, lenços, toalhas e as vezes fumo de rolo e cigarro de palha.
Sua forma de incorporação é compacta, sem dançar ou pular muito. A vibração começa com um "peso" nas costas e uma inclinação de tronco para frente, e os pés fixados no chão. Se locomovem apenas quando incorporam para as saudações necessárias (atabaque, gongá e Babá) e depois sentam e praticam sua caridade. Podemos encontrar alguns que se mantém em pé. É possível ver Preto-Velhos dançando, mais esse dançando é sutíl, apenas com movimentos dos ombros ou quando sentados, com as pernas.Essa simplicidade se expande, tanto na sua maneira de ser e de falar. Usam vocabulário simples, sem palavras rebuscadas. Sua maneira carregada de falar é para dar idéia de antiguidade.
Além disso os Preto-Velhos nos ajudam a enxergar que a prática da caridade, é vital para nossa evolução espiritual. A linha é um todo, com suas características gerais, ditas acima, mais como cada médium possui uma coroa diferente, isso determina as diferenças entre os Preto-Velhos. Essas diferenças ocorrem porque Preto-velhos são trabalhadores de orixás e trazem para sua forma de trabalho a essência daquela força da natureza para quem eles trabalham.
Essas diferenças são primeiramente evidenciadas na maneira de incorporação.Não é só na forma física que devemos observar as diferenças, mais também a maneira de trabalhar e a especialidade dele.
Para exemplificar, separaremos abaixo por Orixás:
PRETO-VELHOS DE OGUM
São mais rápidos na sua forma incorporativa e sem muita paciência com o médium e as vezes com outras pessoas que estão cambonando e até consulentes. São diretos na sua maneira de falar, não enfeitam muito suas mensagens, as vezes parece que estão brigando, para dar mesmo o efeito de "choque", mais são no fundo extremamente bondosos tanto para com seu médium e para as outras pessoas. São especialistas em consultas encorajadoras, ou seja, mera dose de coragem e segurança para aqueles indecisos e "medrosos". É fácil pensar nessa característica pois Ogum é um Orixá considerado corajoso.
PRETO-VELHOS DE OXUM
São mais lentos na forma de incorporar e até falar. Passam para o médium uma serenidade inconfundível. Não são tão diretos para falar, enfeitam o máximo a conversa para que uma verdade dolorosa possa ser escutada de forma mais amena, pois a finalidade não é "chocar" e sim, fazer com que a pessoa reflita sobre o assunto que está sendo falado. São especialistas em reflexão, nunca se sai de uma consulta de um Preto-velho de Oxum sem um minuto que seja de pensamento interior. As vezes é comum sair até mais confuso do que quando entrou, mais é necessário para a evolução daquela pessoa.
PRETO-VELHOS DE XANGÔ
São raros de ver, contudo devemos também conhece-los.
Sua incorporação é rápida como as de Ogum. Assim como os caboclos de Xangô, trabalham para causas de prosperidade sólida, bens como casa própria, processo na justiça e realizações profissionais. Passam seriedade em cada palavra dita. Cobram bastante de seus médiuns e consulentes.
PRETO-VELHOS DE INHASÃ
São rápidos na sua forma de incorporar e falar. Assim como os de Ogum, não possuem também muita paciência para com as pessoas. Essa rapidez é facilmente entendida, pela força da natureza que os rege, e é essa mesma força lhes permite uma grande variedade de assuntos com os quais ele trata, devido a diversidade que existe dentro desse único Orixá. Esses Preto-velhos retribuem ao médium principalmente a defesa, são rápidos na ajuda. Se cobram a honestidade do seu médium no momento da consulta, não admitem que desconfiem dele (médium). Mesmo assim eles também possuem uma especialidade. Geralmente suas consultas são de impacto, trazendo mudança rápida de pensamento para a pessoa. São especialistas também em ensinar diretrizes para alcançar objetivos, seja pessoal, profissional ou até espiritual. Entretanto, é bom lembrar que sua maior função é o descarrego. É limpar o ambiente, o consulente e demais médiuns do terreiro, de eguns ou espíritos de parentes e amigos que já se foram, e que ainda não se conformaram com a partida permanecendo muito próximos dessas pessoas.
PRETO-VELHOS DE OXOSSI
São os mais brincalhões, suas incorporações são alegres e um pouco rápidas. Esses Preto-velhos geralmente falam com várias pessoas ao mesmo tempo. Possuem uma especialidade: A de receitar remédios naturais, para o corpo e a alma, assim como emplastos, banhos e compressas, defumadores, chás, etc... São verdadeiros químicos em seus tocos. - Afinal não podiam ser diferentes, pois são alunos do maior "químico" - Oxossi.
PRETO-VELHOS DE NANÃ
São raros, assim como os filhos desse Orixá.
Sua maneira de incorporação é de forma mais envelhecida ainda. Lenta e muito pesada. Enfatizando ainda mais a idade avançada. Falam rígido, com seriedade profunda. Não brincam nas suas consultas e prezam sempre o respeito, tanto do médium quanto do consulente, e pessoas a volta como: cambonos e pessoas do terreiro em geral e principalmente do pai ou da mãe de santo.
Cobram muito do seu médium, não admitem roupas curtas ou transparentes, mesmo para médiuns homens. Seu julgamento é severo. Não admite injustiça com seu médium. Costumam se afastar dos médiuns que consideram de "moral fraca". Mais prezam demais a gratidão, de uma forma geral. Podem optar por ficar numa casa, se seu médium quiser sair, se julgar que a casa é boa, digna e honrada. É difícil a relação com esses guias, principalmente quanto há discordância, ou seja, não são muito abertos a negociação no momento da consulta.
São especialistas em conselhos que formem moral, e entendimento do nosso carma, pois isso sem dúvida é a sua função. Atuam também como os de Inhasã e Omulú, conduzindo Eguns.
PRETO-VELHOS DE OBALUAÊ
São simples em sua forma de incorporar e falar. Exigem muito de seus médiuns, tanto na postura quanto na moral. Defendem quem é certo ou quem está certo, independente de quem seja, mesmo que para isso ganhem a antipatia dos outros. Agarram-se a seus "filhos" com total dedicação e carinho, não deixando no entanto de cobrar e corrigir também. Pois entendem que a correção é uma forma de amar. Devido a elevação e a antiguidade do Orixá para o qual eles trabalham, acabam transformando suas consultas em conselhos totalmente diferenciados dos demais Preto-velhos. Ou seja, se adaptam a qualquer assunto e falam deles exatamente com a precisão do momento. Como trabalha para Obaluaê, e este é o "dono das almas", esses Preto-velhos são geralmente chefes de linha e assim explica-se a facilidade para trabalhar para vários assuntos. Sua "visão" é de longo alcance para diversos assuntos, tornando-os capazes de traçar projetos distantes e longos para seus consulentes. Tanto pessoal como profissional e até espiritual. Assim exigem também fiel cumprimento de suas normas, para que seus projetos não saiam errado, para tanto, os filhos que os seguem, devem fazer passo a passo de tudo que lhe for pedido, apenas confiando nesses Preto-velhos. Quando o filho não faz isso, costumam tirar o que já lhe deu, para que o mesmo repense a importância desse Preto-velho em sua vida.
Gostam de contar histórias para enriquecer de conhecimento o médium e as pessoas a volta.
Não trabalham para saúde (essa função é do Erê de Obaluaê). Salvo se essa doença for proveniente de "trabalhos feitos - macumba".
PRETO-VELHOS DE YEMANJÁ
São belos em suas incorporações, contudo mantendo uma enorme simplicidade. Sua fala é doce e meiga. Possuem a paciência das mães e a compreensão também. Cobram pouco de seus médiuns, apenas que eles cumpram a caridade sempre por amor nunca por obrigação. Sua especialidade maior é sem dúvida os conselhos sobre laços espirituais e familiares. Gostam também de trabalhar para fertilidade de um modo geral, e especialmente para as pessoas que desejam engravidar. Utilizando o movimento das ondas do mar, são excelentes para descarregos e passes. Cobram dos seus médiuns que lutem para ter um casamento feliz e sólido, pois para eles só assim poderão ajudar a outras pessoas nesse sentido, já que seu médium já vive essa realidade.
PRETO-VELHOS DE OXALÁ
São bastante lentos na forma de incorporare tornam-se belos principalmente pela simplicidade contida em seus gestos. Raramente dão consulta, sua maior especialidade é o passe de energização. Cobram também bastante de seus médiuns, principalmente no que diz respeito a prática de caridade, assiduidade no terreiro e vaidade.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Conversando sobre anjos
Este trabalho foi escrito exotericamente*, sem qualquer pretensão literária, para que todos possam compreender a mensagem angelical. Meu principal objetivo é levar a cada leitor, um pouco do que aprendi sobre anjos. Para escrevê-lo eu não contei apenas com a minha inspiração, usei muitos livros para pesquisa.
Não tenho a menor vontade em ser revelador, nem quero que me imaginem pretendendo impor a alguém a minha verdade. Porém, a crença de que Deus me deu inteligência e raciocínio, me dá a certeza de que crenças cegas ou fanáticas não são a sua vontade. Quando se diz "não reclame... olhe Jesus e veja o que Ele sofreu para nos salvar", estamos pedindo que as pessoas sejam conformadas com a sorte e aceitem tudo passivamente, evitando assim o seu crescimento. Há muito tempo tirei meu Jesus ensangüentado da cruz. Meu Jesus, que é meu pai e meu amigo, tem um largo sorriso na face serena. O problema atual de várias religiões é que elas querem fazer crer que o que pregam são as verdades únicas e absolutas e tudo mais é coisa do diabo... Quanta bobagem... Nada disso pode ser verdadeiro, pois Deus é nosso Pai e a Natureza nossa Mãe. Deus é luz e para senti-lo, você deve esclarecer as dúvidas de sua alma.
Se depois destas palavras, você não tiver interesse em conhecer o mundo angelical, isso indica que ainda não há em você maturidade (mater - mãe, doar - amor) de espírito (piro - fogo - ação) para esse tema. Isso porém, não é definitivo e quando a maturidade for atingida você saberá.
Quando iniciamos o estudo de qualquer tema místico geralmente estamos cheios de temor, que desaparece gradualmente na mesma proporção em que se vai adquirindo conhecimento. Seu anjo da guarda pessoal está junto de você desde o dia de seu nascimento, até o dia do desencarne. É ele quem vai orientar seu próximo estágio de aprendizado no Eu Superior, junto aos grandes mestres ascensionados, para um possível retorno à Terra. Você escolheu seu karma antes de encarnar e vai ter que vivê-lo. Então viva intensamente cada momento de sua vida. Respire vida. É bom demais viver!
Os relatos de algumas pessoas que tiveram parada respiratória e "morreram" por alguns minutos, são unânimes quando falam que viram alguém que emanava uma luz intensa e que, de forma carinhosa, as encaminhava para algum lugar. Essas pessoas estavam naquele momento recebendo a ajuda do anjo de guarda que assume a forma mais conveniente de acordo com a crença de cada um. Por exemplo: para o espírita a forma poderá ser de um ente querido da família, que já desencarnou, para um umbandista, que tem a proteção do caboclo, a forma poderá ser de um índio.
Os problemas fazem parte da vida, do cotidiano de cada um. Muitas pessoas procuram a força do mundo angelical desejando alcançar a graça no primeiro dia, esquecendo-se que antes deve tornar-se merecedor dessa graça. Se você pede ajuda a qualquer entidade para resolver um problema e não é atendido, não se revolte, mas sim pergunte: será que eu merecia essa graça? Tenha calma e pense. Deus é o grande pai e nunca nos abandona.
A infelicidade deixa o anjo de guarda sem ação. Quando eu falo isso, a primeira pergunta que surge é: "ora, para que serve então meu anjo de guarda, se no momento em que eu mais preciso, ele não está ao meu lado?" Para esclarecer vou dar um exemplo muito simples. Quando você vai a uma festa e fica ao lado de uma pessoa que resmunga o tempo todo ou fica contando desgraças, provavelmente a sua atitude será de afastar-se rapidamente. O mesmo acontece com seu anjo de guarda. O anjo não participa da infelicidade; em nada lhe ajudaria que ele ficasse chorando ao seu lado. O anjo fica então no astral, esperando e mandando insights, aguardando o instante em que você decida parar de sofrer e assim possa ocorrer a transformação. Lembra-se daquela ocasião que você precisou de um amigo, ligou e através de uma boa conversa tudo ficou esclarecido? Pode ter certeza que o seu anjo de guarda pediu ajuda ao guardião do amigo a quem você recorreu. O mesmo acontece quando você tem vontade de ler um livro ou visitar um amigo. Vá. Aproveite e leve uma rosa. Quem sabe você não estará servindo de intermediário para ajudar essa pessoa.
Os anjos estão presentes principalmente onde existem crianças até sete anos de idade. Crianças pequenas geralmente têm um amigo invisível para nós, mas para elas que não têm pensamentos mesquinhos nem qualquer maldade no coração, o amigo é bastante visível - é o seu anjo de guarda.
Quando fizer um pedido use sempre o tempo presente. Tenha cuidado com a palavra não. Nunca diga, "eu não quero ser gordo, eu não quero ser pobre, eu não quero ser velho". Este NÃO, confunde e atrapalha seu pedido porque entra no inconsciente, que é poderosíssimo e é nele que anjos conversam com você durante o sono. Eles são éteres, portanto, não têm memória e nunca julgam. Para qualquer pedido que você fizer, diga: "Bendito é o meu desejo porque ele é realizado".
* Ao contrário de esotericamente, é a forma de transmitir ensinamentos, a todos, sem restrição.
( Texto extraído dos livros Anjos Cabalísticos e A magia dos anjos cabalísticos de Monica Buonfiglio)
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