quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Iniciação na umbanda e candomblé


RITUAL DE PASSAGEM, INICIAÇÃO NA UMBANDA E CANDOMBLÉ
1 - A feitura da cabeça no Candomblé
Ser iniciado no candomblé é mais conhecido como "fazer a cabeça", ou seja, ser preparado para que o Inkice/Orixá passe a habitar no Ori/mutuê (cabeça) do novo adepto.
O ritual começa muito antes do recolhimento, pois o aspirante a iniciação passa por uma fase conhecida como abiã onde ele prepara o seu enxoval para a feitura, que consiste em roupas e demais materiais ritual. Prepara também o aqué/zimbo (dinheiro) para o pagamento do "chão", ou seja, o trabalho que este ritual implica e a transmissão do axé .
O noviço passa por vários rituais de limpeza, pelo ritual do bolanã (representa a morte para omundo profano e o renascimento para o mundo sagrado dos Orixás) e depois pelo recolhimento para o roncó (Quarto Ritual, com acesso somente aos iniciados), onde passará de 07 a 21 dias de iniciação.
Após os 21 dias acontece a festa do Oruncó (a cerimônia do nome, quando a Divindade se identifica na presença de todos) da(o) Iaô/Muzenza (recém iniciado) quando a mesma é apresentada à comunidade de santo como o mais novo membro. É um momento de festa onde todos usam as melhores roupas, recebem os membros ilustres de outros terreiros e demais visitantes. É um ritual público de grande emoção.
Depois da festa, no dia seguinte, tem a festa da quitanda de erê/vungi(criança). Nela o iniciado sai para o barracão em estado de consciência infantil. Brinca, come, recebe presentes e tem a quebra das quizilas, ou seja, momento que o iniciado passa por ritual que consiste em uma reiniciação ao mundo profano e reaprende a fazer as atividades diárias e rotineiras. Esta passagem é importante para que não haja choque entre este e o seu orixá/inkice, uma vez que o iniciado, daqui por diante passa a viver plenamente em contato com a divindade e, todas as suas ações podem ter reflexos no dia-a-dia.
O iniciado então, entra em um período de preceito. São três meses que ele usa os colares e símbolos do seu santo/orixá/inkice, veste-se completamente de branco, mantém a cabeça coberta e não lhe é permitido a prática sexual e muitos outros preceitos lhe são impostos. Essa fase é uma das mais importantes, pois agora o iniciado tem a responsabilidade de guardar os seus preceitos e as responsabilidades para com a casa de santo.
A "feitura da cabeça" é considerado um ritual de passagem de grande importância, pois a partir deste o iniciado passará por muitos outros durante a sua vida de culto, em que galgará direitos e posições dentro do culto. Porém, esse período, que consiste a feitura e a guarda dos preceitos, é o principal e que todo iniciado guarda na memória por toda a vida aqui no aiyè. Será objeto de histórias que serão contadas aos seus filhos, netos, aos seus futuros irmãos de santo e quem sabe, filhos de santo.
Cada pessoa é filho de um determinado orixá/inkice, ou seja, aquela energia é a linha magnética da sua vida e a feitura vai proporcionar o equilíbrio do ser humano com a sua energia mais pura e mais espiritualizada. É o que se chama de santo de cabeça. Geralmente cada pessoa possui um pai, em primeiro lugar e uma mãe em segundo ou vice-versa, ou seja, um santo de princípio masculino e outro de princípio feminino, podendo haver exceções de dois princípios iguais. A cabeça do filho também é composta por um séquito de orixás, que compões toda a sua história e é revelado através do Oráculo mais conhecido no Brasil, que é o jogo de búzios, por onde os orixás/inkices falam e dão os seus recados aos habitantes da Terra.
No candomblé todos têm o seu santo de cabeça, ou seja a sua energia primordial, porém, nem todos são obrigados a passar pela iniciação. Não há como se fugir dessa energia, uma vez que ela é o princípio vital de todo ser vivo.

2 – A Camarinha de Umbanda.
A Camarinhas na Umbanda são Rituais Iniciáticos que têm como fundamento prático, o Desenvolvimento Mediunico, Religioso, Doutrinário e Ritualístico, para que o neófito, possa adquirir conhecimento e prática de todos os fundamentos praticados na Umbanda.
No seguimento da Tradição Afro, a Umbanda consagra também ritualísticamente os neófitos, com Camarinhas de Obori ou Borização, que é o Assentamento Maior das Entidades no Médium, para que os mesmo se possam fortificar e evoluir Ritualísticamente. Além de outros Rituais necessários ao Desenvolvimento Mediunico , Ritualistico e Doutrinário dos neófitos.
São Camarinhas que têm uma duração de 3 ou 7 dias, isso de acordo com o Dirigente Espiritual ou de acordo com os rituais necessários

Roupas no Candomblé

 


 As Roupas no Candomblé


Preocupados com a perpetuação sobre o vestuário dos praticantes do Candomblé, bem como dos nossos Òrìsàs, Percebemos que o complexo código de ética relacionado às vestes dos praticantes do Candomblé, está sendo diariamente infringido, expondo a nossa religiosidade de forma profana em meio à sociedade. Dessa forma, esse artigo tem por objetivo, dirimir dúvidas de pessoas que não tiveram o acesso à informação e, também expor a opinião do Asè Òsùmàrè sobre esse importante aspecto da nossa religiosidade. Desatentos às hierarquias das indumentárias e vestimentas do Candomblé, muitos participantes (talvez pela falta de conhecimento) estão desrespeitando, não somente os seus mais velhos, mas também as nossas Divindades. Isso ocorre, principalmente, com a chamada “carnavalização” dos tradicionais paramentos dos Òrìsàs. A situação vem se agravando, ao ponto de recriarem os trajes, implantando assim, uma nova maneira de vestir os Òrìsàs e seus filhos, ignorando a tradições centenárias, originarias de uma Religião milenar e, desrespeitando, de forma muito preocupante, a essência de cada Òrìsà. Com o cuidado de não ditar ou impor um código vestuário, apontaremos abaixo, apenas algumas violações (as mais recorrentes) que comprometem as tradições do Candomblé, descaracterizando de forma muito triste a nossa religião, bem como, algumas recomendações da nossa Casa. ÌYÁWÓ MOKAN: Uso indispensável IKAN: Uso Indispensável DILOGUN: Uso Indispensável: “LAÇINHO” e “GRAVATINHA” ACIMA DO PANO DE COSTAS: Uso Indispensável ROUPA DE SIRE: Até completar um ano de iniciada, deve-se dançar Sire de branco; ÌYÁWÓ DO SEXO MASCULINO CALÇA DE RAÇÃO (NÃO É TOLERAVEL JEANS, BERMUDA, ETC.) CAMISA DE RAÇÃO (NÃO É TOLERAVEL CAMISA DE CRIOULA – USO EXCLUSIVO PARA MULHERES, Também não se usa camiseta); ÉKÉTÉ: – NÃO É TOLERAVEL O USO PANO DE CABEÇA – À exceção do recebimento de Asè, em Oro); OGÁ (OGAN): CALÇA DE RAÇÃO (NÃO É TOLERAVEL JEANS, BERMUDA, ETC.) CAMISA DE RAÇÃO (NÃO É TOLERAVEL CAMISA DE CRIOULA – USO EXCLUSIVO PARA MULHERES, também não se usa camiseta); ÉKÉTÉ, CHAPÉU OU BOINA (NÃO É TOLERAVEL O USO PANO DE CABEÇA – À exceção do recebimento de Asè, em Oro); EKEJI (EKEDE): SAIA: Ekeji não usa saia com anáguas de baiana; TOALHINHA: A cada dia é mais raro vermos uma Ekeji com uma toalhinha para “enxugar” o Òrìsà. ADES, COROAS E PARAMENTAS DE ÒRÌSÀS: DISCERNIMENTO E COERÊNCIA: Deve-se ter coerência ao vestir os Òrìsàs (Nossos deuses são elementos da natureza, que utilizam representações da natureza, POR ISSO NÃO DEVEM SER CARNAVALIZADOS); MÁSCARAS: É inadmissível a utilização de máscaras na confecção da Roupa dos Òrìsàs; ALTURA DOS ADES: Deve se ter discernimento, coroas são coroas e não paramentos carnavalescos gigantescos; ÒSÀLÁ: ÒSÀLÁ SÓ USA BRANCO. Esse é um Òrìsà Fúnfún, não admite prata ou “azul clarinho” PENAS.: Nossa religião é tribal, mas não indígena, a utilização de penas na confecção das roupas dos Òrìsàs deve ser ponderada e não excessiva; SÀNGÓ: Não tolera roupas roxa ou preta; ÀSÈSÈ: HOMENS: Calça, Camisa de Ração (brancos) e Ékété; MULHERES: Saia de ração e camisa de crioula (brancas); PROÍBIDO: Brilho, Bordados, Vazados e Roupas Coloridas; BATA: QUEM PODE USAR: A utilização da bata é restrita as autoridades femininas da Casa (autoridade máxima, Ìyálásè, Ìyákekère, Ìyámaye, etc. – Se todas as Ègbón usarem batas, será impossível distinguir as autoridades); CUMPRIMENTO: Bata é Bata e não vestido! Um ditado tradicional nos Candomblés da Bahia diz: Quanto Maior a Bata, Maior a Ignorância da Ègbón; PANO DE CABEÇAS: QUEM PODE USAR: A utilização do Pano de Cabeça é restrita às mulheres (o Babalòrìsà “em sua casa” tem a autonomia de optar ou não pelo uso. O pano de cabeça, poderá ainda ser utilizado por homens, em obrigações internas em que o mesmo está “recebendo asè, como por exemplo Bori”); ABAS: As abas do Pano de Cabeça, estão relacionadas ao Òrìsà da filha de Santo e a sua idade de santo (se seu Òrìsà for Oboro – masculino, você não poderá usar duas abas, sendo que essa ficou para as filhas de santo, que possuem Òrìsàs Ayabas – femininos); ALTURA DO PANO: Deve-se ter discernimento ao usar o Pano de Cabeças. O pano de Cabeças não é turbante com diversas voltas e de altura desmedida; Seu pano de cabeça também não pode ser maior do que o da sua Ìyálòrìsà; PANO DE COSTAS: QUEM PODE USAR: A utilização do Pano de Costas é restrito às mulheres. UTILIZAÇÃO: O pano da costa deve ser colocado na altura dos seios (somente as autoridades quando estão trajadas de Bata, podem usar o pano na cintura); USO TRASVERSAL DO PANO POR HOMENS: Indevido, à exceção das festividades do Pilão e durante o Pilão de Òsògíyàn; FIOS DE CONTA.: AFRICANOS/CORAIS/PEDRAS: de uso exclusivo para autoridades do Candomblé e as pessoas com obrigação de sete anos (obrigações arriadas); BOLAS DE PLÁSTICO: Não pertencem ao Candomblé; SAIAS: QUEM USA: Uso restrito à mulheres (homem não usa saias, mesmo se seu Òrìsà seja ayaba); CUMPRIMENTO: A saia deve ser longa, cobrindo o calçolão (o uso de saieta é cabível somente para Òrìsàs masculinos – em mulheres); ROUPAS BRILHOSAS E BORDADOS: ROUPAS BRILHOSAS: A utilização de roupas com muito brilho está condicionada ao Òrìsà e à determinados Òrìsàs (existem roupas para dançar o Sìré e roupas para vestir os Òrìsàs, sendo que alguns também não toleram o brilho); BORDADOS: As roupas bordadas como Rechilieu, Asa de Mosca, Roda de Quiabo e panos mais elaborados, são de uso exclusivo para autoridades e pessoas com obrigação de sete anos arriada; BRINCOS E PULSERIAS: Ìyáwò de Òrìsà Oboro (Santo Masculino), não deve usar brincos e/ou pulseiras. A Casa de Òsùmàrè, pede que as pessoas reflitam sobre a essência de nossa ancestralidade, os Òrìsàs. Uma Ìyáwò aguardar a conclusão de suas obrigações, para a utilização de determinadas vestes, não a coloca inferior à ninguém, muito pelo contrário, mostra somente sua resignação por um determinado período, em obediência às regras do Candomblé pelo seu Òrìsà. O cumprimento desses interditos, confere ainda mais valor à obrigação de sete anos, em que a então ìyáwò, poderá utilizar-se de outras indumentárias, estando desta forma, em outra fase de sua missão religiosa (torando-se uma ègbón). No Candomblé, todos os passos são galgados, assim como na vida, afinal, a criança não nasce andando, existe um processo de aprendizagem. Uma mãe preservadora resguarda sua filha das maquiagens até a idade certa, etc. Assim é o Candomblé. Um Ogá não pode se sentir desprezado por não vestir-se como um Babalòrìsà, ele sim, deve se sentir orgulhoso em pode estar preservando a cultura dos antigos Ogá. Um Oga vestido com Ogá, é facilmente identificado em meio a multidão. O mesmo se aplica aos Babalòrìsàs, que não podem almejar as vestes femininas, pois nesse caso, ao invés de mostrar poder e distinção, evidência sua falta de conhecimento sobre a liturgia de cada elemento utilizado. A Casa de Òsùmàrè, não tem a intenção de ditar regras, mas sim, expor seus costumes, aprendidos ao longo de gerações, divulgado e esclarecendo muitas pessoas que jamais foram orientadas sobre como se vestir no Candomblé e por isso, cometem tantos erros.